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A ETERNIDADE E O DESEJO | CRÍTICA | JORGE LISTOPAD | JORNAL DE LETRAS

 

Dentro de Ti Ver O MarA Eternidade e O Desejo – Romance
de Inês Pedrosa
Edição portuguesa: 208 páginas, Dom Quixote
Edição Brasileira: 181 páginas, Alfaguara

 

O Padre António Vieira não deixa de inspirar os que reflectem sobre o destino português, na literatura, por meios audiovisuais, em reflexão ensafstica. Os que meditam sobre a utopia dos quinlos-impérios ou sobre as atopias que a cada momento, milagrosamente, podem reinventar a nova vida ou vida nova. Não acredito nos acasos cegos: a relação de Inês Pedrosa com o Brasil, pessoal transmissível, não podia passar distante desse poderoso emigrante, autor de póstuma Historia do Futuro (Inês Pedrosa, A Eternidade e o Desejo, romance. Dom Quixote; Inês Pedrosa, No Coração do Brasil - Seis Cartas de Viagem ao Padre António Vieira, Dom Quixote-Centro Nacional de Cultura). Os dois volumes complelam-se de modo feliz. Se o livro das Cartas, de facto, é um livro de viagem viajada e sustenta um plano cívico de peregrinação da pequena colectividade participada do Centro Nacional de Cultura, o romance incita a sonhar através da sua forma complexa e aparentemente híbrida. E aí, do ponto de vista literário, é Inês Pedrosa diferente da sua antiga ficção? Se sim, então no afrontamento de dois planos conceptuais da escrita, isto é, do poder simbólico, embora figurativo, sendo outro o plano sensorial, concreto, diria a procura da praxis da vida. A alegoria e a pura existência cruzam os caminhos de apaixonante leitura que podia perder alguma da sua qualidade se fosse lida rapidamente demais, para encontrar a prospectiva do enredo. Livro mais elaborado do que poderia parecer; mais distante de suas crónicas de que gostamos.

Jorge Listopad, in Jornal de Letras (12/02/2003)

 

 

 
 
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